Elogiar é estimular. Principalmente quando
o elogio é feito a uma criança. Consideramos um grande erro dos pais negar
elogios aos seus filhos quando praticam uma boa ação ou se esforçam nos
estudos, pois o elogio exerce sobre eles o mesmo efeito que nos adultos.
O
elogio eleva e inspira. Como a alavanca de Arquimedes, move o mundo inteiro.
Todos nós, adultos, sabemos que não há incentivo mais poderoso que o encômio de
nossos entes queridos, para que executemos o nosso trabalho com boa vontade, e,
no entanto, a maioria dos pais adota a teoria de que a melhor maneira de
corrigir uma criança é repetir-lhe o dia inteiro que é malcriada, desobediente
ou preguiçosa.
Pensam alguns pais que as palavras
elogiosas sobre a boa conduta dos filhos lhes despertam uma perniciosa vaidade;
ao contrário, achamos o elogio um grande estímulo e valioso auxiliar para a
educação da criança. As censuras constantes às crianças fazem-nas criar
complexos de inferioridade e incompetência, de que se ressentirão mesmo depois
de adultos.
E certo que os pais que se habituam a
repreender constantemente os seus filhos, por vezes, até asperamente, não são
cruéis; eles amam os seus filhos e por muito lhes quererem e ansiarem a sua
perfeição é que acham que devem exigir deles o máximo, exibindo, diante de seus
olhos, todo um cortejo de seus defeitos e fraquezas.
Não compreendem, cegos por errôneo conceito
do dever, que causaram a seus filhos irreparável dano, fazendo surgir em seus
espíritos complexos de inferioridade que os conduzirão ao fracasso mais tarde.
Os pais se esquecem de que são para os
filhos o público do qual esperam deles o julgamento de uma conduta. Quando não
recebem o aplauso esperado se sentem tão chocados, tão magoados como o autor
cujo livro ou obra fracassou.
Há, pois, que se queixar de que os esforços
realizados para corrigir seus filhos não obtiveram o êxito almejado.
"Tantos conselhos dei a Alberto, tanto fiz para que fosse um homem e no
entanto nada consegui, só desgostos me tem dado".
"Tudo tenho feito
para dominar o gênio impetuoso de Maria, e ela não se corrigiu até hoje".
"Já não sei o que fazer com os meus filhos, não consigo que me obedeçam e
meus ralhos não exercem sobre eles a mínima influência".
Tais são as queixas frequentes dos pais. Se
os ralhos não exercem influência nos espíritos de seus filhos é que, com
certeza, não são feitos com inteligência e eles já se acostumaram com os
maltratos e as palavras ásperas que usam erradamente, para corrigi-los. As
crianças assim endurecem os seus espíritos e passam a fazer ouvidos surdos às
censuras e corrigendas paternas ou maternas.
Muitos rapazes renunciam aos estudos e deixam
de seguir uma carreira de futuro por culpa dos pais que os maltratam com a sua
rispidez e os aterrorizam, com ameaças, por causa de uma simples nota baixa, em
vez de estudarem os seus temperamentos e guiá-los, estimulando-os pelo elogio
inteligente.
Matar em embrião a personalidade de uma
criança é um crime. E são não raros os pais, cegos até pelo muito quererem a
seus filhos, que assim procedem.
É certo que o elogio, como tantas outras
coisas boas, deve ser concedido à criança com inteligência, em medida certa, e
só quando merecido. Deve ser usado como reconhecimento por um trabalho bem
feito para ser estímulo e servir como uma esperança que inspirará à criança o
desejo de continuar melhorando sempre.
Em uma palavra se dirá à criança, quando
boa, que pode ser melhor ainda, e quando de mau temperamento, que pode
melhorar.
Não regateemos, pois, elogios aos nossos
filhos quando os merecerem porque mais tarde nô-los recompensarão.
O Valor do Elogio
Por Maria Cottas
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