Alguém, entristecida, suspirou
– “Não creio mais no amor, eu tinha, apenas, vinte anos!”
Como eu indagasse o motivo de sua desilusão, disse-me:
- “Conheci um rapaz, elegante e bom moço. Eu, pouco exigente, nada mais vi. Conhecer seu íntimo? Para quê? Todas as minhas amigas possuíam um noivo, e minha mocidade sentia-se desprestigiada em ser a exceção”
Assim se comprometeu Marília, e a desilusão, naturalmente, não se fez esperar.
– “Não creio mais no amor, eu tinha, apenas, vinte anos!”
Como eu indagasse o motivo de sua desilusão, disse-me:
- “Conheci um rapaz, elegante e bom moço. Eu, pouco exigente, nada mais vi. Conhecer seu íntimo? Para quê? Todas as minhas amigas possuíam um noivo, e minha mocidade sentia-se desprestigiada em ser a exceção”
Assim se comprometeu Marília, e a desilusão, naturalmente, não se fez esperar.
Agora, queixa-se do destino cruel que a tornou incrédula.
- Não minha filha, o amor é um sentimento elevado, que não se pode comparar com esse entusiasmo alucinante de que se deixam possuir quase todas as moças da tia idade, e embora hoje duvides, o amor existe ainda.
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Ele não se esconde sob um trajo impecável ou uma cara bonita, mas existe! E ai de nós, mulheres, se não existisse! A vida nos pareceria insípida e tornar-se-ia insuportável porque estamos no mundo para amar, embora com isso muitas vezes soframos.
Um amor sincero encontra-se conhecendo verdadeiramente aquele de quem esperamos a felicidade de ser correspondidas, mas, para isso conseguirmos, é preciso descobrir seus sentimentos íntimos, desvendar sua alma, desprezando a habilidade que têm os homens de enganar.
O amor tem necessidade de ser amparado pela compreensão e perspicácia: Basear-se em bondades, nobrezas, palavras gentis, recordações, é um erro. É necessário consolidar sua força experimentando a sua tenacidade.
O amor existe, temos direito a ele, e o podemos encontrar, embora desiludidas, se não nos deixarmos dominar por falsas ideias.
Antes de tudo, não te empenhes em procurar o ser ideal, porque este não existe! Tu, tão pouco, o serás. Se te obstinas em encontrá-lo, expor-te-ás a passar a vida esperando-o, ou a crer, muitas vezes, tê-lo encontrado, e não passar de um produto da tua própria imaginação que te levará, então, a uma desilusão ainda maior.
Desconfia do amor à primeira vista. Por grande que seja a simpatia espontânea, por muita atração que pareçam sentir um pelo outro, não creias que isso seja amor.
O amor é algo mais sólido, mais sério, e por conseguinte, mais eficaz e duradouro.
É preciso saber construir a própria felicidade, aprendendo a conhecer, com sinceridade e consciência, a pessoa por quem se sente afeto. Como os defeitos são mais numerosos que as virtudes (por que acontece com quase todo ser humano), é conveniente verificar se eles não redundarão, mais tarde, em irremediável infortúnio.
Para salvar o amor, vale mais ver o ser querido tal qual é, e tal qual será. O perigo está em colocá-lo num pedestal que ele não merece, porque mais tarde ou mais cedo esse pedestal se desmoronará e a desilusão matará todo sentimento.
Assegura-te e o homem a quem queres te devolve o carinho que lhe dedicas com igual intensidade de sentimentos e se é tão leal, tão sincero e tão indulgente no amor, como tu mesma.
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Teu afeto, tua ilusão, tua estima vale muito. Não entregues tão valioso capital ao primeiro que te aparecer. Lembra-te que o amor não deve ser um drama, mas que tu o podes converter nisso. Tão pouco deve ser uma aventura. Não tens também o direito de supor que namorar é uma das muitas maneiras de passar o tempo.
O amor é coisa muito séria. Não deve ser fugaz mas, ao contrário, tão sólido, tão inquebrantável, que dure a vida inteira.
O amor é coisa séria
Por Maria Cottas
Fonte: Livro Folhas Esparsas (edição esgotada)
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