
Embora para muitas opiniões a ideia da moralidade seja errada, aqueles que a quebram estão certamente atraindo sobre si uma corrente extremamente forte de desaprovação.
A tradição sugere-nos alguns modos de ver os atos que, considerados sem emoção, não passam de tolices.
Analisada, porém, a ideia da moralidade com superioridade e isenção de ânimo, verificamos que as tradições têm razão de ser.
Os nossos próprios instintos podem ser modificados. Basta apenas que se saiba a sua origem e se tenha força de vontade suficiente para vencê-los.
Sim, tudo depende dessa força de vontade, e para conseguirmos a nossa elevação moral, não nos devemos deixar dominar por emoções, mas procurar vencê-las.
- Amor! O que é o amor?
As mulheres, na sua maioria, têm uma noção muito vaga do verdadeiro amor.
Mentem a si próprias quando pensam casar por amor. Muitas vezes aquilo a que chamam amor não passa de uma simples atração natural, uma simpatia ou apenas a ambição de nomes brilhantes, posição e liberdade.
O verdadeiro amor não se cansa nunca, e os seres unidos por esse sentimento nobre e elevado, se confundem num só pensar, se toleram e se entendem.
Em geral, a mulher neste assunto não diz a verdade, vai mais pelo que lhe convém. E isso é um mal, e um mal tão grande, que só mais tarde, quando ela cair na realidade, reconhecerá.
A mulher, quando moça, vive num mundo de sonhos, e o seu acordar na realidade é, muitas vezes, perigoso.
O amor faz parte da nossa vida criadora e construtiva. Devemos ter consciência do papel que representamos na Terra. Não nos devemos deixar levar por impressões que se exteriorizam numa grande simpatia por tal ou qual criatura.
Se a mulher age de modo diferente, dever ser levada ao casamento por sentimentos também diferentes.
Se a mulher sente mais intensidade que o homem as alegrias e dores, se ela é mais sensível às emoções, deve ter o senso preciso para compreender que diferente também deve ser a sua conduta moral, embora esta exija uma certa dose de sacrifícios.
Todos. Homens e mulheres, sentimos o prazer que nos vem de saborear um fruto, de ouvir uma melodia que nos isole do mundo, de uma descoberta impressionante, de uma vista maravilhosa que nos extasie…
Todos sentimos a dor de uma dificuldade não vencida, a agonia de uma doença, o horror da morte…
Somos todos sensíveis às emoções felizes e dolorosas que nos tocam diretamente, que interessam exclusivamente ao nosso eu pessoal, sentimental, artístico ou intelectual.
Todos sentimos a alegria de ser amados, a satisfação de ver reconhecidos os nossos méritos, a desolação por uma ingratidão, o receio de desagradar.
Todos somos, enfim, sensíveis às alegrias e tristezas deste mundo.
Mas o homem sente mais fortemente as emoções pessoais que dependem exclusivamente de si, os prazeres e as dores físicas ou intelectuais, artísticas, científicas, ele sente mais que a mulher o prazer do fruto saboroso, da descoberta feita, da vista maravilhosa de um quadro bem pintado; sente mais que a mulher a agonia da doença, a dor de uma descoberta não conseguida, e dá-lhe mais valor do que realmente possui.
A mulher, ao contrário, sente menos que o homem as emoções pessoais, os prazeres, as dores físicas e intelectuais (o prazer de um quadro, de uma descoberta) mas sente mais fortemente que o homem a alegria de ser amada, de ter alguém a quem se possa dedicar, a dor da ingratidão, e sente muito mais ainda as alegrias e dores que lhe vêm dos outros ou que ela pode dar aos outros.
Numa palavra, é altruísta. Sendo altruísta, deve possuir uma moral superior à do homem, e sujeitar-se a sacrifícios infinitamente maiores, porque a sua sensibilidade, o seu temperamento a isso obrigam.
Amor! O que é o amor? Por quê?
Maria Cottas
Fonte: Livro Folhas Esparsas
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Numa palavra, é altruísta. Sendo altruísta, deve possuir uma moral superior à do homem, e sujeitar-se a sacrifícios infinitamente maiores, porque a sua sensibilidade, o seu temperamento a isso obrigam.
Amor! O que é o amor? Por quê?
Maria Cottas
Fonte: Livro Folhas Esparsas