Tristes,
muito tristes, foram os últimos dias que vivemos no Rio e em outros Estados.
Incompreensão, luta e morte.
Ardente
como é toda a mocidade, facilmente se deixa levar pelos primeiros impulsos e
resolve reclamar o que lhe devem: o direito de estudar. Mas, com a
impetuosidade da idade fê-lo talvez numa hora imprópria, no momento errado em
que ânimos exaltados e com interesses inconfessáveis se aproveitaram dessa
atitude estudantil e dela se serviram para provocarem revolta maior, distúrbios
e depredações.
Segundo
relatou a imprensa, houve realmente violência por parte daqueles a quem estava
entregue a manutenção da ordem e usando de selvageria colheram a mocidade
desprevenida, ferindo-a e matando até um jovem estudante. No entanto, há tantos
ladrões e assassinos aí a solta, bandidos de verdade, embora muitos encapuzados
e aboletados elegantemente em seus carros de luxos.
E
assim, numa vertigem de violência de parte a parte, vidas preciosas foram
sacrificadas por uma causa justa que podia ser reivindicada de outra maneira,
proporcionando-se enfim melhores dias para a juventude.
Sabemos
que há sempre, nessas ocasiões intromissão de elementos espúrios e indesejáveis
que se aproveitam dos jovens para perturbar a ordem e fazer maior confusão.
Lembrem-se porém, só dos moços, daqueles que querem estudar e não podem por
falta de recursos, e ajudem esses jovens porque até estar concorrendo para dar
homens mais úteis ao Brasil do que talvez aqueles que, indiferentes à
reivindicação de seus direitos estudantis, mantêm-se em posto de
responsabilidade, de braços cruzados, a tudo se acomodando.
Seja
como for, cabe aos estudantes, a essa juventude que não é o Brasil de amanhã,
mas o Brasil de hoje, esse Brasil que precisa tanto de quem o governe
conscientemente e de acordo com a evolução do mundo, o direito de reclamar, de
protestar, já que suas solicitações não surtem nenhum efeito.
Se
a nação a compreender, a ajudar e for ao encontro de suas reivindicações, ela,
a mocidade, que apresenta a força viva, o sangue novo, a alma ardente, nos
levará sem dúvida, a destinos bem mais brilhantes. Mas, matar, nunca! Matar um
jovem é cortar uma planta pela raiz, é sufocar um ideal acalentado! Deve haver
outros meios, mais suaves e humanos, de manter a ordem e de acalmar esses
moços, quando exaltados.
Com
brutalidade e violência nada se consegue. Se os próprios Pais precisam de tato
e compreensão, como querem aclamar ânimos revoltados, uns, pela fome; outros
além de recursos monetários, por deficiências dentro das próprias faculdades,
de instrumentos de trabalho, como cadáveres, para os estudantes de medicina
poderem escalpelar e estudar à vontade?!...
Facilite-se
ao estudante meios para que ele possa estudar e dê, assim, expansão à sua
inteligência e, estamos certos, ele se acalmará. Os próprios subversivos, que
no seio estudantil estiverem, acabarão se rendendo à evidência dos fatos,
porque aí não haverá mais motivos de subversão.
E
a necessidade e a fome a causa de muitos desajustes!
Gosto
de moços, aprecio a juventude, e embora reconheça que há muita irreverência e
falta de respeito entre alguns, reconheço também que há muita inteligência,
muita ânsia de saber de muitos e que nós precisamos dos moços para melhorar a
mentalidade do Brasil que, sendo um país novo, encontra-se agora com sua
mocidade completamente desarvorada.
Juventude
exaltada